13.1.10

por mim mesmo

Meu primeiro contato com a Banda Fahrenheit 451, foi no final de 1991, indireto e natural e posso dizer também que foi o meu primeiro contato verdadeiro com uma banda de rock and roll.
A banda era comentada, por um bando de moleques, que ralava de skate, bicicleta e carrinho de rolimã, na ladeira, final da Rua Paes Leme, eram cabeludos aparentemente amigáveis da vizinhança.
Num final de tarde, rodando com a molecada, eu finalmente escutei uma banda, tocava dentro de um quarto, numa das casas de madeira, próxima à esquina da Rua Paes Leme, que leva ao anfiteatro do Zerão, naquela época eu estava de férias e ia pra lá quase todos os dias, só voltava pra casa quando escurecia.
Lembro que a banda tocava, enquanto nos ralávamos no asfalto. Na mesma época, andava com o Dudinha e alguns amigos da redondeza, que estudavam no “Vicentão”. Eu comecei a ver os cartazes colados pelas paredes dos botecos e padarias da redondeza, onde comprávamos paçoca, pão de sal e jogávamos fliperama.
Uma vez, sem querer eu escutei um barulho que vinha do anfiteatro do Zerão, eles ensaiavam e eu peguei a passagem de som, acho que não era a banda completa naquela tarde, eram três e ali os vi pela primeira vez.
Menos de um ano eu comecei a sair à noite, escutava os burburinhos da cena rock and roll em Londrina, era a época de bandas como Hard Money, que tocava os clássicos dos Ramones no D.C.E., das cervejadas no R.U., reuniam bandas como Chaminé Batom, Beco e claro Fahrenheit 451, a banda da casa de madeira.
Eu imediatamente virei fã, desde a primeira vez em que os vi ao vivo, num lotado show gospel no anfiteatro do Zerão, numa tarde de sábado. Na mesma noite eles tocaram com Cólera no Bar Gran Mausoléu e após levar umas porradas na Rua Quintino, ainda consegui pegar o segundo show da banda naquele dolorido sábado.
Depois de algum tempo, ainda rolavam cartazes de supostos shows dos caras, mas eles já haviam parado de tocar. Uma vez saí com uns amigos que seria no futuro os meus companheiros de banda, atrás de uma suposta festa que nunca existiu. Passou um tempo, fui num festival no Moringão e a banda estava no cartaz. Falei com o Marcelo (baixista), e ele disse que tocaria se os caras aparecessem. Ninguém apareceu. Certamente a banda já havia acabado há meses, foram colocados no cartaz porque os punks, organizadores do festival, eram fãs da Banda, época do Mausoléu e dividiram o palco com eles em noites alucinadas. Foi aí que fiquei amigo do Marcelo, ele estava terminando o curso de artes, tentamos montar uma banda juntos, o Teenage Depression, não rolou.
O Marcelo e o Duda formaram o Cyclone Pill, e eu acabei engrenando com os meus novos irmãos do rock and roll, Os Spaghetties, as duas bandas daí em diante, tornaram meio que parceiras nos ensaios e nos shows. Isso foi em 1994 e as músicas do Fahrenheit 451 eu conheci, por fitas cassete, que o Duda nos emprestava para gravar.
Estranho ter conhecido as músicas do Fahrenheit 451, muito tempo depois da banda ter acabado. Lembro de um show no Bar Gran Mausoléu, o público pedia para tocar, Do You Wanna Dance, só metade da banda sabia tocar a música e a outra metade pegou na hora, foi muito louco. Havia uns 15 punks que pulavam atrás de mim, eu não podia dançar direito porque havia acabado de perder o botão da minha calça jeans.
Descanse em paz meu caro Dimas Gimenez: o resto é conversa.
Rodrigo Amadeu, fevereiro de 2009.

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