13.1.10

DOO BOP ESTÚDIO apresenta ROCK’N’ROLL LONDRINA BANDA: FAHRENHEIT 451

FORMAÇÃO: Dimas Gimenez (Vocal), Duda Victor (guitarra), Lincoln Alexandre (guitarra), Marcelo Galvan (baixo), Márcio Galvan (Bateria).

INÍCIO: 1990 TÉRMINO: 1992

BANDA: FAHRENHEIT 451 == Essa história deveria começar em 1990, que foi quando começamos a morar juntos em Londrina para estudar e aí formamos a banda. Mas na verdade essa história começou alguns anos antes

Em 1985 na cidade de Umuarama, formei uma banda junto com Marcelo Galvan, Rossano Totino, chamava Incógnito; o Márcio Galvan quando vinha a passeio na cidade, tocava bateria com a gente.
Naquela época, sabíamos da existência de outro grupo de rock, que tocava a um tempão em Umuarama, chamava “General X”. Um dia, num clube dessa cidade, fomos participar de um evento, na passagem de som, enquanto esperávamos a nossa vez, entrou uns “caras” cabeludos, com seus jeans surrados, queriam participar do show e não sei porque não os deixaram participar, acho que os organizadores do evento ficaram com medo dos rapazes. Logo na sequência, nós conversamos pela primeira vez, então conheci o Dimas, o Lincoln, o Tantan e o Jumps, esse foi o primeiro contato que eu tive com os figuras. Já tinha os visto tocarem uma vez numa praça pública, achei muito legal o som. Eles eram mal vistos na cidade pelo visual que usavam, confesso que foi à primeira banda de rock que tive contato direto. Depois desse evento, começamos a trocar ideias. Em 1987 o Dimas passou no vestibular de Jornalismo na UEL e mudou para Londrina, o Valquir e o Lincoln foram com ele, moravam juntos, numa casa que alugaram.
Em 1990 é que fui para Londrina cursar Educação Artística, aluguei uma casa de um quarto só, na rua Canudos em frente do restaurante universitário o Marcelo Galvan e o Valquir estavam comigo, nessa casa chegamos a morar em cinco pessoas, todos de Umuarama, dentro de um quarto, cozinha e banheiro. Começamos a fazer as primeiras músicas já que o Dimas morava na Casa do Estudante, ficava em frente e sempre estava com a gente. Não tínhamos grana para nada, éramos completamente “durangos”, mas sempre abastecidos de bebidas e drogas pelos camaradas que viviam passando por ali. Nessa casa se formou o Fahrenheit 451. Logo iniciou os ensaios e as composições. Havia muitas festas universitárias, shows de bandas na cidade. Um ano depois o dono da casa não aguentou mais e nos convidou a sair, então alugamos uma casa próximo ao Zerão. Essa era grande tinha dois quartos e sala. Um dos quartos ficou para os ensaios e a coisa pegou ritmo. Ensaiávamos quase todos os dias e montamos um repertório com umas sessenta músicas. Estávamos prontos para lançar a banda. Fizemos contato com a Gabi, dona do “Araucana”, que era um bar na rua Pernambuco e ali fechamos nosso primeiro show. Fizemos um cartaz bem legal, era uma foto do filme Fahrenheit 451, baseado em um livro de Ray Bradbury, de onde tiramos o nome. Colamos alguns cartazes pela cidade e fomos fazer o nosso primeiro show. Por incrível que pareça o lugar lotou. Foi uma daquelas noites loucas,todo mundo dançava, chapava ao som da banda. Estava feito os “rockers” mais “fudidos” e quebrados da cidade, mas éramos autênticos. Uma semana depois, voltamos no Araucana para o segundo show, como o primeiro foi muito bom. Começaram as festas em repúblicas e bares da cidade. Nossa casa no Zerão não fechava a porta nunca, dia e noite pessoas entravam e saiam, dormiam pelos cantos da casa, faziam suas loucuras. Às vezes eu chegava de madrugada e não tinha onde dormir. Um dos quartos estava sempre fechado com alguém, com alguma garota dentro. Morámos um ano nessa casa e foi o período mais forte da banda, onde aconteceu a maior parte das loucuras, sexo e consequentemente os problemas.
Bebíamos muito, não tínhamos dinheiro. Criamos uma relação de convivência, aconteceram muitas coisas boas e algumas ruins, a convivência pesou devido às relações de cada um com as garotas. Vivemos três anos de muito sexo, drogas e rock’n’roll era o queríamos fazer naquela época. Recebemos até uma proposta com um bom cachê pra fazer um show, depois que a banda acabou, só que já não tinha mais clima.
Não tem como escrever a história do rock em Londrina sem passar pelo Fahrenheit 451, influenciamos a molecada que começavam com suas bandas e as pessoas que iam aos nossos shows. Isso tudo aconteceu de 1990 até 1992. Com certeza foi “ducaralho” estar junto com esses figuraças e participar de tudo isso. Ficaram algumas lembranças, porque as coisas aconteceram muito rápidas, não dá para lembrar tudo, ficou uma relação entre nós e outros amigos que conheci e que será eterno.

ENSAIOS: No início, quando morávamos na frente do restaurante universitário, os ensaios eram feitos somente com violões, não tínhamos equipamentos e nem espaço. Depois mudamos para uma casa ao lado do Zerão. Nessa casa compramos o básico para iniciar, ensaiávamos quase todos os dias. Os vizinhos reclamavam muito, mas não adiantava. Uma vez, depois que o Dimas, o Marcelo e o Márcio mudaram para outra casa na rua Góias, chamávamos essa casa de “Repa”, fiquei sozinho no Zerão, então roubaram minha guitarra e um amplificador, um dos vizinhos disse: “Por que não roubaram a bateria?” Porque o Márcio batia muito forte e fazia muito barulho. Daí em diante, mudamos os ensaios para a “Repa”, que foi a última fase da banda, compramos mais equipamentos e melhorou um pouco a qualidade dos ensaios, mesmo sem ter acesso a equipamentos importados porque era muito caro. Logo começamos a preparar nossa primeira “Demo” que nunca terminamos. Fizemos também nessa casa algumas festas com som ao vivo e muitas loucuras, mas já não estava do mesmo jeito. Não tínhamos recursos para gravar, tentamos de várias maneiras, com equipamentos emprestados, ajuda de amigos, porém não tivemos bons resultados. O Bruno Iglesias, guitarrista da banda Gólgota, ajudou nas tentativas de gravações. Acho que esse é o principal buraco deixado pela banda, não gravar nada. Continuamos juntos por mais um ano, fazíamos ensaios, shows e profissionalizava mais a banda. Também desviamos do caminho por problemas pessoais de cada um e de todas as loucuras que aconteceram. Essa casa também durou um ano que foi a última fase da banda. Depois que entregaram à casa a banda acabou.

COMPOSIÇÕES: Como passávamos muito tempo juntos, fizemos várias músicas. Ainda lembro: Sunshine Makers, No Mans Land, Psicose, Sandman, O vento, Do you gonna do, She's my big bomb e muitas outras composições. Todos participavam, com ideias e depois fazíamos os arranjos.

SHOWS: Fizemos muitos shows. Tínhamos amigos de outras bandas como Gólgota,Psicodeath, Convulsão alias o Silvio, baterista, nos ajudou no começo, ele deixava a gente fazer alguns ensaios no estúdio, Quando o empresário Emerson Abelha abriu o Gran Mausoléu, o melhor bar de rock da cidade na época, trazia bandas de fora e convidava a banda Fahrenheit 451 para tocar junto. Um dia ele chamou a banda Cólera e convidou a gente para tocar, foi um show muito legal; no Zerão tocamos com uma banda gospel, Katsbarnéa, neste show os seguranças não deixavam a molecada subir no palco para pogar, mas o Dimas no final do nosso show intimou o público e o palco encheu, todos dançavam, agitavam, eu não conseguia ver os caras da banda. Fizemos shows em vários locais da cidade de Londrina e em algumas cidades pequenas do interior do Paraná. Algumas histórias engraçadas aconteceram. Uma delas ocorreu numa cidadezinha do interior, era o último comício do principal candidato da cidade. Nosso problema começou no hotel, porque antes de ir para o show, acendemos uns baseados, enquanto pegávamos os instrumentos, a porta do quarto ficou aberta, o cheiro se proliferou pelo hotel, vieram os responsáveis, ameaçaram chamar a polícia e saímos meio que na correria. Após o show as garotas nos cercaram para autógrafos e tal até pegaram os tênis do Dimas. Outro show muito divertido foi em Ponta Grossa, na verdade, nesse dia, uma banda não apareceu, então chamaram a gente para tocar no lugar deles, teríamos que dizer que éramos de São Paulo e pediram para que não falássemos muita besteira. O Dimas começou o show dizendo “boa noite Ponta Grossa, cidade fria pra ca...ramba”, isso esta gravado em alguma fita cassete perdida em algum lugar, depois ele anunciava um som, mas quando olhou pra trás o Márcio não estava na bateria, então disse: “assim que o baterista voltar”, ele estava no camarim se concentrando um pouco mais. Em Londrina fizemos um show no calçadão, tínhamos incluído no cachê uma garrafa de vodca, sempre exigíamos muito álcool em nossas apresentações. Não deram, porque achavam que poderíamos criar problemas. Ok. Aí tivemos que nos virar e arrumamos a nossa garrafa de pinga. Fiquei tão bêbado nesse show, que depois de algumas canções o Dimas perguntou ao público se queriam um som mais agitado ou uma balada. Eu, bêbado como estava, peguei o microfone e gritei “Rock’n’Roll”, para que tocássemos algo mais porrada. O Lincão me emprestou um pedal de guitarra já que ele não pôde tocar nesse dia. Eu perdi o pedal, ou pensei que tinha perdido, o achei um mês depois, atrás do amplificador. Duda Victor – fevereiro de 2009.

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