9.11.09

A CIDADE - 2...

certeza que voce prefere esse texto em primeira pessoa? ok. aqui vou eu.
em janeiro de 1978 minha mae pegou carona num fusca branco a caminho do hospital evangelico. estava na hora do parto e tudo aconteceu como deveria. muita agua rola na vida da gente a partir desse momento semi ludico.
a minha infancia na cidade nao foi realmente promissora quanto foi excitante na adolescencia. mas foi realmente um barato ter visto o programa alborghetti nos anos 80 assim como ter escutado o patrulha 830 em meados dos 90 as cinco da matina.
essas figuras sao os verdadeiros marcos tradicionais da apologia-nao-apologia-sim apologia ao crime do que viria acontecer.
eu toquei baby I love you num programa de radio am (em vinil) da cidade no final dos anos noventa as 8 da manha.
mas tambem foi excitante ter uma banda que excitava na cidade.
foram bons tempos de cerveja na cara, porrada na esquina e timpanos espanados. londrina era sim rock and roll pra mim.
ja entrei em igrejas ao amanhecer e cai em barrancos de rodovias negras em estradas norte paranenses. era um barato sair do carro pra mijar e desabar nos barrancos da vida.
londrina me dava porrada na cara, quebrava meus oculos e me fazia ir pro medico e tentar rever o que havia acontecido.
a cidade onde eu nasci se chama londrina. tambem cresci onde nasci.
a cidade me fez aprender que o calor me irrita e que a falta de ousadia nao muito me apetece. mas adoro pastel de feira, caldo de cana e musica brega em profusao. ate tentei acompanhar uma banda uma vez numa passagem de som no bar do jacare na avenida celso garcia cid la por volta de 1994. ali eu descobri que nao estava apto pra muitas variacoes musicais ate o momento. orra, eu tocava numa banda punk e nao de vaneirao. mas me lembro da bateria de acrilico do tiozinho. uma gope veiaca.
a cidade me fez ficar acido e fez minha cabeca despencar em sonhos revolucionarios por causa de suas luzes amarelas e da chegada da noite apos horas de sol escaldante e sarros pelas calcadas. ok, eu nunca serei voce, tampouco voce a mim. jamais me esquecerei.
a cidade me fez vulgarizar alguns dos meus proprios pontos de vista. com certeza o lanchao com tubaina do centro e muito mais acessivel e saboroso que comida de shopping center.
a cidade me ensinou a juntar as malas e a preparar o plano de fuga, mesmo eu nao sendo universitario e mesmo nao sendo o maximo do puro creme do milho verde.
a cidade disse nos meu ouvido esquerdo que a hora havia chegado.
ele me colocou e me tirou da depressao. me disse varias coisas legais durante o caminho e tambem fica me chamando de volta.sei que tambem me chama de idiota. e vai tentar tudo outra vez um dia.
mas eu ainda amo algumas esquinas, cheiros e sabores.
por que nao londrina?
talvez voce um dia entenda.

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