Não  me canso de falar do mundo de fantasia que tenho tentado criar pra mim. Um  universo encantado de coisas não muito lúcidas, creio. Não me importo mais com  pequenos detalhes. Tenho construído (tijolo por tijolo) um abrigo subterrâneo  que dentro em breve estará pronto pra ser habitado. Lá dentro também terei  acesso a uma bolha de oxigênio mental e paredes  cinza-prata-fosco.
Dai que se danem as garotas  malvadas dos supermercados, os automóveis em velocidade, as catracas dos ônibus  e dos metrôs, os edifícios, os seguidores religiosos e os (maus) carrinhos de  cachorro quente. Quero os com salada fresca e mostarda. Não me encanto mais com  esse papo de x-tudo ou novidades novelísticas. Será que existe um botão vermelho  pronto pra mandar pelos ares alguns canais de televisão? Por favor, diga que  sim.
Essa não é a hora de reclamar acho,  mas também não é a hora de parar a construção da fuga. A fuga. Eu quero a fuga.  Quero logo. Quero a desparafuzação da cidade o quanto antes, a introdução (não  temporária) dos vigilantes da picaretagem e dos exterminadores de burrice. Às  vezes eu imagino algumas instituições sendo automaticamente deletadas da  sociedade humana. Imaginem o plim plim sendo desligado pra nunca mais? Uau, que  pena que isso não vai rolar tão cedo. Eles vão cobrir as Olimpíadas de 2016 e  vão lucrar um bocado com isso. Que péssimo imaginar. Quanto será a  barganha?